Manter-se saudável pode se tornar mais caro à medida que as mudanças climáticas e a escassez de água causam uma enorme queda na produção global de vegetais e legumes, disseram cientistas na segunda (11).

A quantidade de vegetais produzidos pode cair em mais de um terço, especialmente em regiões quentes como o sul da Europa e em partes da África e do sul da Ásia, disseram pesquisadores da London School of Hygiene and Tropical Medicine. Analisando estudos em 40 países, com alguns datando de 1975, eles descobriram que as altas nos gases estufa, a escassez de água e as temperaturas globais reduziram a quantidade de vegetais e leguminosas produzidas.

Tais mudanças drásticas poderiam elevar os preços dos vegetais, o que afetaria mais as comunidades mais pobres, de acordo com o estudo, publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences. “Se adotarmos uma abordagem ‘negócios atuais’, as mudanças ambientais reduzirão substancialmente a disponibilidade global desses alimentos importantes”, disse Alan Dangour, co-autor do artigo, que é o primeiro de seu tipo, em um comunicado.

Os cientistas alertaram que as temperaturas do mundo devem subir de 2 graus para 4,9 graus neste século, em comparação com os tempos pré-industriais. Isso poderia levar a padrões meteorológicos perigosos – incluindo secas mais frequentes e mais poderosas, enchentes e tempestades – aumentando a tensão sobre a agricultura.

A produção de alimentos em si é um dos principais contribuintes para a mudança climática. Agricultura, silvicultura e mudanças no uso da terra juntos produzem quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, tornando-se o segundo maior emissor depois do setor de energia, disse a United Nations Food and Agriculture Organisation.

O volume de alimentos transportados em todo o mundo também está exacerbando o aquecimento global.

Espera-se que a demanda global por alimentos aumente à medida que a população mundial deverá crescer para 9,8 bilhões de pessoas até 2050, acima dos 7,6 bilhões de hoje, de acordo com a ONU.

Os cultivos ocupam agora cerca de 11% da superfície terrestre do mundo, e o pastoreio de gado cobre 26% das terras livres de gelo, segundo a Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD).

A agricultura responde por cerca de 70% de toda a água utilizada globalmente, disse a OCDE. A escassez de água já afeta mais de 40% da população mundial, de acordo com a U.N. Esse número deverá aumentar devido ao aquecimento global, com uma em cada quatro pessoas projetadas para enfrentar a escassez crônica ou recorrente até 2050, informou a ONU. “Ações urgentes precisam ser tomadas, inclusive trabalhando para apoiar o setor agrícola para aumentar sua resiliência às mudanças ambientais”, disse Dangour. “E isso deve ser uma prioridade para os governos em todo o mundo”.


Reportagem “Eating your greens could become more costly due to climate change” por Lin Taylor da Reuters News Foundation.

Tradução: Matheus Salustiano/Nota Jornal

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