Logo no início dessa saga, a gente meio que saca o papel de cada um dos bruxos protagonistas dessa história:

Harry Potter é basicamente o cara. O Escolhido, Eleito. O Menino que Sobreviveu. Nasceu predestinado, que o diga o time de Quadribol da Grifinória que, tendo ele como apanhador, permaneceu invicto por toda a sua estadia em Hogwarts.

Hermione Granger é o talento em pessoa. A mais inteligente, a melhor do trio e, se vacilar, a melhor de Hogwarts. Sua importância se dá em ser a razão de Harry. As vezes confundimos razão com implicância e ceticismo, mesmo sabendo que não é verdade.

Rony Weasley é o fiel escudeiro. Não à toa, o Fiel Segredo de Harry. Também representa o pilar emocional do nosso protagonista, quando o mesmo percebeu que possuía uma família que o amasse de verdade. Lembre que o amor tem um papel fundamental na vida do Harry.

Até aqui, tudo tranquilo. Agora fala pra mim: quando foi que o Rony Weasley ajudou, assim, de fato, a vencer Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?

É sério. Force um pouco a memória. Sei que vai me falar do xadrez bruxo na Pedra Filosofal e da Horcrux das Relíquias da Morte. Mas, cá entre nós, do primeiro ao sétimo livro é um bom intervalo de tempo.

Cara, veja só. Acredite você ou não, essa música tem muito a ver com tudo isso aqui

Os Gêmeos Weasley possuem até um arco à parte, com uma interessante observação sobre o quão academicamente necessitamos em sermos bons para prosperarmos. Em pouco mais de dois anos, a loja de Logros dos gêmeos tinha uma filial em Hogsmeade.

Gina ganha protagonismo na Câmara Secreta e continua crescendo na medida que seu papel de coadjuvante lhe permite, fulminando numa importância fundamental no Enigma do Príncipe.

Com essa família Weasley toda, tenho a impressão de que o foi tomado para o Rony o papel do “esforçado”, aquele que não é nem de longe o mais talentoso, mas que compensa com o máximo de esforço dentro das suas limitações.

Ainda assim, não vejo acontecer com tanta convicção. E não me venha falar sobre como Gilderoy Lockhart foi derrotado lá na Câmara Secreta, porque ele perdeu sozinho com aquela varinha quebrada. Olha, até nisso o Rony tem azar/sorte.

Em contrapartida, a gente tem alguém que pegou bem essa ideia do esforçado que supera os limites, ou vai me dizer que não se surpreendeu com a espantosa evolução do Neville? O segundo melhor aluno da Armada de Dumbledore (Hermione manda abraços) e que não causa saudade alguma pra Nagini.

Bem no começo de tudo, ainda mais nos dois primeiros livros, temos um Harry maravilhado com o “novo”, um Rony inseguro e uma Hermione arrogante. Na real, nesse início, somente o Harry e o Dumbledore pareciam ter as “vozes” e personalidades definidas em relação aos demais.

Ele pode não ser o mais talentoso, mas tá ali na linha de frente

Os livros passam e a gente começa a notar a personalidade de todos. Conseguimos ouvir mais “vozes” diferentes.

O Harry deixava de ser aquele estranho no ninho pra se tornar mais líder do que nunca. A Hermione cada vez mais segura de sua origem, entendendo e promovendo a mudança no mundo bruxo onde vive.

Quanto ao Rony… bem, ainda temos um bruxo assustado, inseguro e pessimista, agindo com um pé atrás. Se contrapor a isso e ir de cabeça para os perigos eminentes (não podemos esquecer que em todo santo livro alguém do trio quase morre) deve ser a maior virtude de Rony. Essa é a tônica de evolução e amadurecimento.

Mas e daí?

Bem, a gente pode entender que a sua contribuição como parte do trio para vencer o Você-Sabe-Quem se dá pela sua presença, alguém disposto a ficar na linha de frente, mesmo que todos os seus sentidos gritassem o contrário e que, à sua maneira, dentro das suas limitações, faria o máximo possível.

Agora, se eu escalaria no meu time, mesmo sabendo que ele não pode ser tão bom assim?

Sim, escalaria.

Pode não ser o melhor tecnicamente, talvez seja um bruxo bem mediano, mas tem seu valor. E pessoas que possuem valores estão cada vez mais difíceis de se encontrar.

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