São Paulo —  Roger Waters, ex-vocalista do Pink Floyd, fez um grande show em São Paulo, muito politizado. Ele colocou o nome do candidato à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, em uma lista de políticos neofascista que ameaçam a democracia no mundo.

Entram também grandes nomes da política internacional como Vladimir Putin, Donald Trump e Le Pen. Seu protesto fez com que as opiniões do público se dividissem. Enquanto algumas pessoas o vaiavam, outras aplaudiram. Waters também aderiu a hashtag #elenão para protestar contra Bolsonaro. Mas para entender todo seu protesto, é preciso recapitular sua história de vida

Roger Waters

Roger Waters nasceu em Surrey, na Inglaterra no ano de 1943, em uma época onde o mundo vivia uma grande guerra ideológica. A Inglaterra via no nazismo, uma ameaça contra os valores iluminista, que pregava a liberdade, o liberalismo e a democracia. Então seu pai, Eric Fletcher Waters, foi convocado para lutar na guerra. Quando ele entrou na guerra, sua esposa Mary Walters estava gravida de cincos meses de Roger. Eric morreu pelo exército alemão sem conhecer seu filho. Roger Walters não havia nem nascido, mas já sofria as consequências da guerra.

Mary mudou junto ao seu irmão mais velho para Cambridge. Roger cresceu no cenário pós-guerra, onde as cidades destruídas pelas bombas estavam sendo reconstruída, coloridas pela fumaça cinza das indústrias. Foi nesse cenário de destruição e fuligem que Roger cresceu. Sua mãe, muito protetora, sempre o prendia a seus valores, sendo uma criança muito isolada das outras. Nas escolas da década de 50, na qual Roger Waters estudou, o sistema era muito diferença de hoje — funcionava de uma forma repressora. Os professores eram extremamente exigente e davam pouca liberdade para os alunos. Estudantes eram punidos por palmatorias de madeira e humilhados com chapéu de burro.

Roger sofreu repressões com a guerra contra nazi-fascismo, a hiper-proteção de sua mãe e uma escola autoritária. Sua fuga, para tanto sentimento reprimindo, foi a música. O único instrumento de liberdade que ele tinha contra o autoritarismo. Tudo isso é retratado no álbum The Wall do Pink Floyd.

The Wall

The Wall é uma opera-rock que conta a história de Pink. Pink teve uma juventude complicada cheia de traumas e repressões. Ele teve seu pai morto na guerra, e na sua escola teve um professor autoritário. Esses traumas fizeram com que Pink criasse um muro imaginário para se isolar do mundo. Ele cresce e se torna um astro do rock, mas ainda sente um vazio por estar isolado dentro do muro que construiu. Pink tenta preencher esse vazio com drogas e sexo, saindo completamente da realidade. Quando acorda de volta para realidade, ele retorna com sua banda, agora como um ditador feroz que controla sua plateia. Depois de uma reflexão, ele se enxergar como o mal que o assombrou na infância, e assim, quebra o muro que o isolava e consegue perceber o mundo em sua volta. Pink compreende que ele não é o único sofrendo e adquire empatia pelas pessoas em sua volta.

The Wall é uma obra autobiográfica de Roger Waters e uma critica de qualquer regime fascista. O protesto que Waters faz em seu show vem de encontro com o crescimento do autoritarismo de alguns governos pelo mundo. Como um defensor da liberdade que lhe foi negada na juventude, Rogers Waters continuará protestando para um mundo mais livre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *