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A esperança do PT

Por: Augusto Conconi, Gabriel Bergamascki & Matheus Salustiano, nota

Publicado em 27.out.18 às 18h30

O candidato à Presidência Fernando Haddad nasceu em 25 de janeiro de 1963 – no mesmo dia, mas não no mesmo horário em que a cidade que já governou.

Khalil Haddad, seu pai, emigrou do Líbano ainda jovem, aos 24 anos. Chegando ao Brasil, virou comerciante de tecidos em atacado. Já sua mãe, Norma Teresa Goussain, é brasileira de pais libaneses.

Formada em Magistério pelo Liceu Pasteur, Norma lia o Evangelho Segundo o Espiritismo todas as semanas para Fernando Haddad e suas duas irmãs, Priscila e Lúcia, seguindo a doutrina kardecista.

O ex-prefeito de São Paulo não seguiu a religião da mãe, mas contou à Piauí que nunca deixou de rezar desde que era menino. Talvez reze um Pai Nosso e uma Ave Maria, ou só um Pai Nosso mesmo.

Fernando Haddad PT

juventude

Haddad estudou no Ateneu Ricardo Nunes da pré-escola ao fundamental. O colégio, que ficava na esquina da Avenida Nhandu com a Alameda dos Guaiases, já não opera mais, para a infelicidade dos que querem saber se de fato ele era bom aluno nas aulas de música e artes. 

Haddad fez o ensino médio no Colégio Bandeirantes, na Rua Estela, número 268, na Vila Mariana. Lá, ele não se tornou a próxima revelação de alguma modalidade, nem garantiu uma medalha olímpica para o seu país, mas apaixonou-se pelos esportes.

Um ano depois de formado, entrou na Universidade de São Paulo. Seria advogado. A vida de faculdade, no entanto, não foi tão fácil quanto esperava. Durante os estudos, o calouro do curso de direito ainda ajudava seu pai na loja de tecidos, que ficava na Rua 25 de Março. 

Como para todos que levam a dupla jornada de estudar e trabalhar, a proximidade da estação São Bento com o emprego era o seu conforto.

No terceiro ano de faculdade, Haddad ingressou na militância estudantil. Durante este tempo, participou de passeatas e comícios como o Diretas Já, movimento que reivindicava eleições diretas para Presidente da República. 

Em 1984, foi presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em meio a tantas atividades, o tempo passou e, quando percebeu, era tarde demais: estava formado. Em 1990, tornou-se mestre em Economia com especialização em economia política. 

Agora que sabia a relação entre oferta e demanda, saberia explicar aos curiosos o que mantém um mercado em equilíbrio e como são usadas fórmulas e política ao mesmo tempo. Seis anos depois, conquistou o título de doutor em Filosofia. Ao lado do amor aos números, nascia então o amor à sabedoria.

carreira política

No ano de 2001, Fernando Haddad assumiu a função de chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico, sob gestão de Marta Suplicy, prefeita de São Paulo na época. Em 2003, aceitou o cargo de assessor especial no Ministério do Planejamento, em Brasília, a pedido de Guido Mantega. 

Um ano depois, foi promovido para secretário-executivo no Ministério da Educação. Durante este período, desenvolveu o Programa Universidade para Todos (ProUni), projeto que concede bolsas de estudos em universidades particulares a estudantes de baixa renda.

Entre 2005 e 2012, nos governos Lula e Dilma, Haddad tornou-se ministro da pasta. Em seu período no MEC, instituiu um parâmetro de medição da qualidade de ensino nos níveis fundamental e médio por meio  do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), entregou 214 escolas técnicas, 126 campus universitários federais e 587 polos de educação à distância. Em 2009, reformulou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), ampliando suas funções.

No ano de 2012, entrou na corrida eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, até então sob o comando de Gilberto Kassab (DEM), atual Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil. Haddad contava com Luiza Erundina, que na época estava no PSB (Partido Socialista do Brasil), para ser sua vice. 

Porém, a aliança municipal feita entre o Partido dos Trabalhadores e Partido Progressista, fez com que ela desistisse, tendo em vista que Paulo Maluf era o presidente estadual do PP. Sua companheira de chapa passou a ser Nádia Campeão, do PCdoB (Partido Comunista do Brasil).

Na disputa do segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB), Haddad saiu vitorioso. Como prefeito de São Paulo, concentrou-se na construção de ciclovias, na criação de faixas exclusivas para ônibus, abriu a Avenida Paulista – importante ponto turístico da cidade – para pedestres aos domingos e implantou benefícios aos usuários de transportes públicos, como o Bilhete Único Mensal e o Passe Livre.

Em 2016, Haddad buscou a reeleição, mas foi derrotado ainda no primeiro turno. João Doria (PSDB) foi eleito com mais da metade dos votos, mas renunciou ao cargo para entrar na disputa pelo Governo do Estado de São Paulo após governar entre janeiro de 2017 e abril de 2018. Os escândalos de corrupção envolvendo o PT e o impeachment de Dilma Rousseff dificultaram as candidaturas do partido, o que não foi diferente em São Paulo.

eleições 2018

Danillo Bueno é estudante na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro e Diretor de Comunicação da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE). Ele reconhece que a gestão de Fernando Haddad na prefeitura errou em alguns pontos, mas acertou em outros.

“No geral, fez um governo ótimo para uma classe média, com alguns avanços para a camada mais pobre de São Paulo, principalmente das comunidades. Obteve êxito nas questões de transporte público e na mobilidade urbana, por conta das ciclofaixas”, comenta. Danillo é militante do Partido dos Trabalhadores. 

Nas redes sociais, já publicou fotos ao lado de Guilherme Boulos, José Dirceu, Marcelo Freixo e outros nomes da esquerda. Como foto de capa do Facebook, adota os dizeres “O filho dele também não” e “Ele Não”, em referência ao movimento liderado por mulheres que são contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro.

Já no perfil de Arthur Aragão, que trabalha na logística de uma empresa, a estampa “PT Não” recheia sua foto. Sob a estampa, a frase em verde e amarelo “Presidente Bolsonaro 17: Muda Brasil de verdade” exclui qualquer dúvida sobre sua posição. 

Arthur reconhece a trajetória de Fernando Haddad, mas acredita que ele não possui qualificação para ser presidente.“Ele não tem um plano de governo concreto, pois a cada semana é alterado. Sobre [Fernando Haddad] ser candidato, acho que legalmente ele tem esse direito, porém não acredito que seja uma opção para voto”, comenta.

Nas eleições de 2018, tornou-se vice na chapa do PT para a Presidência da República. Luiz Inácio Lula da Silva era o então presidenciável pelo partido. Após Lula ter sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto, Haddad teve sua candidatura à Presidência oficializada no dia 14 de setembro. 

A deputada gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) abdicou da própria candidatura e tornou-se sua companheira de chapa. Mesmo impedido, Luiz Inácio Lula da Silva ainda fazia parte da campanha do PT. Durante o primeiro turno, a imagem e nome do ex-presidente foram utilizados como material de campanha.

Desconhecido por parte do eleitorado lulista, Haddad teve um início de campanha com baixo percentual nas intenções de voto, o que mudou até o dia 07 de outubro. O candidato do PT guardou fôlego e chegou ao segundo turno com 29,28% dos votos, ficando atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com 46,03% dos votos.

O pleito para o segundo turno será realizado neste domingo (28). Com menor intenção de votos, Fernando Haddad busca conquistar os eleitores. Além de Jair Bolsonaro como adversário, o candidato precisa vencer o antipetismo para chegar ao Palácio do Planalto. Suas propostas são seu principal meio para reverter o cenário. 

Até o dia do “vamos ver”, a trilha da espera é Fight The Power, do Enemy Public e A Vida do Viajante, do ilustríssimo Luiz Gonzaga, tocadas por ele mesmo com sua Gibson Sg Special Radiant Red Mogno. Enquanto isso, em meio a polarização entre esquerda e direita, Haddad é visto simultaneamente como “mantenedor da democracia” e “ameaça vermelha”.

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