Acorda! Acorda! Acorda!

O despertador puxa e arranca com força minha consciência do mundo dos sonhos para o mundo real. Levanto da cama e só depois de alguns segundos consigo abrir os olhos, não dá tempo. Atrasado, enfio meu corpo na calça jeans, na camiseta preta e no tênis com detalhes dourados. Escovo os dentes enquanto penteio o cabelo, coloco a carteira no bolso e vejo as primeiras notícias do dia no celular. Tudo ao mesmo tempo, tudo sem tempo.

Marmita na mochila, livro Cova 312 nos braços e fone de ouvido na orelha – toca Beatles. Em instantes, fecho o portão de casa. Em passos largos, vou para o ponto de ônibus. Lembro-me então que não posso ouvir Beatles hoje, preciso fazer um relatório da palestra de semana passada para entregar na faculdade daqui a algumas horas. Desligo a música.

Corre! Corre! Corre!

Ônibus já na esquina, preciso chegar ao ponto antes dele – dessa vez não deu. Droga! Como o próximo vai demorar uma eternidade, decido andar alguns metros até a avenida principal e pegar outro. Vou rápido, tropeço em minhas próprias pernas. No meio do caminho, passa aquele que teoricamente demoraria uma eternidade. Perdi mais um.

Começa a chover e guardo o livro na mochila. Uma eternidade depois, passa o bendito ônibus. Entrei procurando um lugar para sentar, mas não há um sequer. O relatório terá que ser feito comigo de pé mesmo, sem outra opção.

Escreve! Escreve! Escreve!

Paro por alguns segundos para mandar mensagem para minha namorada. Um “bom dia”, quem sabe. Perguntar se dormiu bem, se está bem – e se não está, meu dia já não será 100%. Preocupo-me de verdade com ela, talvez o nome disso que sinto tão forte dentro de mim seja amor, realmente. Enquanto a resposta não vem, volto a escrever, mas olho pela janela e percebo que já preciso sair do ônibus.

No caminho até o trabalho, minhas pernas vão no automático e os olhos no celular. Termino a tarefa acadêmica pouco antes de começar minha jornada de trabalho. As horas do estágio passam voando e, como se acabasse de chegar, já estou saindo novamente. Peregrino, nômade, ando em direção à faculdade que fica cerca de quinze minutos dali.  Nem mesmo parei para jantar. Sem tempo, compro dois salgados no caminho e devoro sem pensar no mal que estão fazendo ao meu corpo.

Come! Come! Come!

Durante o percurso, estudo para a prova de logo mais. Além da entrega do relatório, fui acariciado com um dia de prova. A matéria é jornalismo esportivo. Sempre fui apaixonado por esporte em geral. Houve um tempo que assistia tudo quanto é tipo de modalidade, nas mais diversas divisões profissionais. Mas, naquele dia, não estava amando tanto assim.

Preciso chegar nas dependências da faculdade o quanto antes, correr para os computadores e terminar de estudar. Sabe-se lá Deus o que vai cair na prova e não quero ser surpreendido. Orgulho-me de não ter ficado em nenhum exame até agora, mesmo com a altíssima média oito. Até agora.

Estuda! Estuda! Estuda!

Dia cansativo e corrido, estou exausto. Saio da sala após o término da prova e caminho quase que arrastando-me até a estação. Jogo meu corpo sobre o banco do ônibus para que ele me carregue até minha casa – já passa das onze.

Cada vez que pisco os olhos, a imagem do meu travesseiro aparece em minhas pálpebras, como uma breve propaganda da Jequiti. A jornada até meu doce lar é longa, quase duas horas, e não vejo a hora de terminá-la.

Nada de descanso até lá. Outra atividade precisa ser feita: esta crônica. Sim, estamos exatamente no momento em que escrevo as palavras que você está lendo agora. Apesar do cansaço, as crônicas que escrevo todas as terças para o Nota Jornal relaxam minha mente – e se não escrevo agora, não terei outro tempo, é bem verdade.

Só de imaginar que ainda é o começo da semana e há coisas para fazer quando chegar em casa, como outro trabalho da faculdade, cuidar do meu empreendimento – qualquer dia explico – e produzir a newsletter Nota às Oito, que sai amanhã de manhã… que dia!  

Apesar de amar fazer o que faço, minha mente já embaralha as palavras. Não sei como terminar esse texto de forma épica ou interessante, pois minha criatividade deve ter chego em casa antes de mim. Comigo não está, juro.

Já está se prolongando mais do que deveria, assim você não vai continuar a voltar todas às terças para ler o que escrevo. Devo acabar com um final tradicionalmente chato ou bruscamente? Meu Deus do céu, isso precisa ter um fim.

Encerra! Encerra! Encerra!

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