Estou ouvindo a mesma música tem um bom tempo. Coisa de semanas, talvez. Aos corajosos, deixo aqui registrado: Sapato, do Rubel. Nesse exato momento, escuto-a como pano de fundo desse texto. Clarice e Caio não me visitam desde meses atrás e não vejo problema nisso. A fila de leitura anda quilométrica e não seria justo adiar nomes e mais nomes ansiosos pela contemplação da leitura.

No meio de tudo isso, este texto da noite sai aos tropeços. Eu deveria estar buscando fontes para mais uma matéria. Comecei no Jornalismo não pensando em salvar o mundo. Mas sabe de uma coisa: cada reportagem que sai, essa vontade excitante persegue. Claro o mundo é gigantesco e quando escrevo também ganho uma altura e determinação que não são meus por natureza. Levanto para pegar mais um pouco de café, prometendo ser a última xícara da noite. Meu sono e estômago agradecem. A dita gastrite fica nervosa. Pois bem, não é possível agradar a todos.

Pesquisas e mais pesquisas. Fuço páginas, planilhas, estatísticas e percebo que o mundo chora. Pessoas tiram a própria vida mais rápido do que termino o meu café. Tenho argumentos de cunho religioso sobre o suicídio, mas prometi deixar este texto laico. Se as leis não são, honro a laicidade aqui, pelo menos. O fato é que é triste para alguns, libertador para outros. E no meio desse começo de antítese, vejo sentido e dúvidas em alguns pontos.

Estou bem, exceto pelo sedentarismo. Esta semana senti falta de alguns nomes que estão na minha lista de cartas de final de ano. Pensei em escrever alguns lamentos endereçados, mas a semana já estava prestes a acabar e o final de semana também. Notícias melancólicas estão proibidas de chegar na segunda-feira. Os adultos prometem permanecer presentes e depois somem.Talvez faça parte do ciclo, porque eu mesmo faço isso. Lei do retorno, é o que dizem. Aqui a gente colhe o que planta, não é?

Ontem, aquela que me completa fez uma visita no meu coração. Arrumou algumas bagunças e rancor acumulado. Ao apagar as luzes, pediu que eu a abraçasse. Assim ficamos até ambos dormirem. O tempo é injusto conosco. Acelera as horas propositalmente quando estamos juntos. Não sou conhecedor das leis temporais, mas isso não é coisa que se faça a nenhum ser. Será uma noite vazia. Serei eu, meu texto e eu. O lado esquerdo, preferido dela, permanecerá com seu cheiro e carinho, que muito me fazem bem.

Confesso não estar pronto para mais uma semana. Não há escolha: é pegar ou largar o osso. A rotina precisa dar as caras, mostrar seu serviço. Espero que essa saudade dos nomes que conheço muito bem seja resolvida. Eu só queria ter certeza do futuro e das decisões, mas sou apenas um mortal lutando para sobreviver mais um dia. Como está na música que me acompanha, “talvez a gente queira mesmo um bom par de sapato”.

Talvez o que eu quero mesmo é um bom papo e textos da noite.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *