Enquanto a República Democrática do Congo enfrenta seu nono surto de ebola desde que o vírus foi descoberto há quatro décadas, as autoridades de saúde pública estão esperançosas de que testes mais rápidos e uma vacina experimental ajudem a evitar o tipo de devastação igual a que atingiu a África Ocidental, em 2014.

Essa epidemia, o maior surto da doença hemorrágica mortal já registrada, matou milhares de pessoas em toda a Libéria, Serra Leoa e Guiné. Naquela época, os médicos precisavam esperar dias para obter resultados laboratoriais que detectassem o vírus Ebola, durante o qual as pessoas poderiam, sem ter conhecimento, disseminar a infecção.

Agora equipados com um teste genético que leva apenas algumas horas, profissionais da saúde confirmaram 38 casos até agora, incluindo 14 mortes – e a disseminação da doença parece estar diminuindo. Ainda assim, o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta semana que é muito cedo para declarar o surto sob controle. Enquanto mais de 2.000 pessoas foram vacinadas e os enfermeiros estão rastreando cuidadosamente quem pode ter entrado em contato com os infectados, muitas barreiras para deter a disseminação permanecem.

Na cidade de Mbandaka, por exemplo, onde quatro casos de Ebola foram confirmados, motoristas de moto-táxi argumentam que devem ser vacinados, já que são frequentemente chamados para transportar pacientes até o hospital. “Não é justo que apenas médicos e enfermeiras sejam considerados na linha vermelha”, disse Benjamin Leli, presidente da associação de táxis da cidade, à Associated Press. “Nós estamos na linha vermelha também, e eu não quero que nosso pessoal tenha Ebola.”

Enquanto rastrear esses fatores apresenta seu próprio conjunto de desafios, há também a questão de levar a vacina a pessoas em áreas mais rurais, como Iboko, onde dois novos casos suspeitos foram relatados recentemente. Médicos encontraram ausência de estradas pavimentadas e armazenamento a frio, juntamente com uma desconfiança generalizada das vacinas sendo distribuídas.

A vacina contra o Ebola não está garantida para acabar com o surto, é claro, mas a OMS decidiu que é a melhor opção depois de experiências promissoras quando testada durante o surto de 2014. E, uma vez que você convenceu as pessoas a receber a vacina, o Dr. Alhassane Touré, coordenador de vacinação da OMS no Congo e na Guiné, disse à AP que “você enfrentou 90% do problema”.


Reportagem “Ebola Vaccine Brings Hope, and Challenges, to the Democratic Republic of Congo” por Jane Roberts da Undark Magazine.

Tradução: Matheus Salustiano/Nota Jornal

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